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domingo, 30 de outubro de 2011

31 de outubro Dia D. Dia de Drummond


"Meu verso é minha consolação./ Meu verso é minha cachaça. Todo mundo tem sua cachaça", esse verso do poema "Explicação" (Alguma poesia), de autoria do poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) introduz a nossa homenagem a um dos maiores poetas de todos os tempos.
Isso para informar e lembrar a todos os nossos leitores que, por iniciativa do Instituto Moreira Salles, o dia 31 de outubro passa a ser considerado o dia D - D de Drummond. A data marca o nascimento do poeta de sete faces. O Instituo Moreira Salles junto com vários parceiros espera que "nas escolas, universidades, livrarias, bares, museus, TVs, rádios, centros culturais e mesmo em solidão, não importa onde e como, que todos se lembrem de festejar Drummond e a sua poesia". Acesse o site do Dia D de Drummond e saiba mais. 

Abaixo trago a homenagem do Curtindo Linguagens ao poeta, através do belo poema "Anedota Búlgara", do livro Alguma poesia (livro de 1930).

ANEDOTA BÚLGARA

Era uma vez um czar naturalista
que caçava homens.
Quando lhe disseram que também se caçam borboletas e
                                                                   [andorinhas,
ficou muito espantado
e achou uma barbaridade.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Nova reunião: 23 livros de poesia - Volume I. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009.
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Adicionamos também o vídeo produzido pelo IMS, que traz a leitura do poema "No meio do caminho" em vários idiomas, desde o latim até o tupi, hebraico, francês, espanhol dentre outros.



quarta-feira, 7 de setembro de 2011

07 de setembro - "Hino Nacional".

Nobres leitores e belas Damas leitoras, hoje, para refletir o 07 de setembro (emancipação do Brasil diante de Portugal), dia em que comemoramos a Independência do Brasil, trago para vocês um poema de Carlos Drummond de Andrade, se não o maior, um dos maiores poetas brasileiros. Basta que Vossas Senhorias leiam o poema, guardem-no em suas reflexões e ações enquanto brasileiros.

(Olhar em formato de Bandeira do Brasil - Susana Correia)

Hino nacional

Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás as florestas,
com a água dos rios no meio,
o Brasil está dormindo, coitado.
Precisamos colonizar o Brasil.

O que faremos importando francesas

muito louras, de pele macia,
alemãs gordas, russas nostálgicas para
garçonettes dos restaurantes noturnos.
E virão sírias fidelíssimas.
Não convém desprezar as japonesas...

Precisamos educar o Brasil.

Compraremos professores e livros,
assimilaremos finas culturas,
abriremos dancings e subvencionaremos as elites.

Cada brasileiro terá sua casa

com fogão e aquecedor elétricos, piscina,
salão para conferências científicas.
E cuidaremos do Estado Técnico.

Precisamos louvar o Brasil.
Não é só um país sem igual.
Nossas revoluções são bem maiores
do que quaisquer outras; nossos erros também.
E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões...
os Amazonas inenarráveis... os incríveis João-Pessoas...

Precisamos adorar o Brasil!
Se bem que seja difícil compreender o que querem esses homens,
por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão de seus sofrimentos.

Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!
Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado,
ele quer repousar de nossos terríveis carinhos.
O Brasil não nos quer! Está farto de nós!
Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil.
Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?



Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987)

(Poema publicado Originalmento no livro "Brejo das Almas". O texto acima foi extraído de: ANDRADE, Carlos Drummond de. Nova reunião: 23 livros de poesia - volume I. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009)