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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Conto


Nobres Senhores leitores e belas Damas leitoras do sorriso doce, que acompanham o Curtindo Linguagens. Hoje apresento a Vossas Senhorias um pequeno conto. Tenho me aventurado pouco na narrativa, por isso, os textos pouco aparecem aqui no blogue. Hoje resolvi postar esse pequeno conto, produzido certa feita numa oficina de criação literária. Eis o texto, ele surgiu nas imaginações fantasiosas do narrador. Leiam e julguem como lhes aprouver.

Do Sertão ensolarado, em pleno verão.
O autor!


CASAMENTO

Era noite, a cidade já dormia, mas na rua algumas vozes soavam ininteligíveis. Também, eu estava viajando num mundo tão meu que não me dava conta daquilo que passava a minha volta.
Na sala, a TV repetia o filme antigo de um contador de estórias. Foi então que Ana atirou seu sapato na minha cabeça. Sentir meu pescoço abaixar em direção ao chão e meus dedos acudiram a dor que saltava da secreção, o tapete manchava-se de vermelho.
Foi então que comecei a ouvir a doce e estridente voz de Ana me acusando.
_ O cheque voltou, vou ter que devolver o vestido na loja; o seguro do carro está atrasado há dois meses, não posso mais utilizar o cartão. Quando você vai pagar a conta do telefone? O chuveiro não esquenta mais, como se não bastasse tudo isso tenho que entregar minha dissertação em uma semana, escrever o último capítulo, arrumar todo texto ainda. Numa hora dessas você na maldita televisão, assistindo sei lá o quê, depois de ter passado o dia no computador, que agora não quer ligar.
Levantei do sofá com a cabeça aos pulos.
_ Desculpe amor, infelizmente não tive inspiração para começar o livro.

  
Por: Gildeone dos Santos Oliveira

domingo, 11 de outubro de 2009

Sol a pino
Sol a pino, borboletas revoam verdes campos num verão chuvoso. A brisa que nasce da paisagem renovada dos sertões toca em meu ser, como ondas de mar calmo. Num andar de leves passos, observo as fagulhas do sol que inundam a paisagem.
Paro.
Adiante surge a cidade trêmula entre seus concretos de medo. Na solidão ardente de buzinas e fumaça surge no ar urbano máscaras de pânico, que observam meu olhar lacrimejante.
Temeroso, viro-me e diante de mim percebo um cacto gigante que espalha pelo ar seus tentáculos espinhentos. Braços que bailam ao sabor do vento, flamejando uma intensidade amarela refletida pelo sol.
E, como uma borboleta a apreciar sua flor, encosto a beira da estada com os olhos dormentes de luzes. Debaixo de uma umburana agacho e sento na terra que suporta meus pensamentos, no embalo de uma brisa leve.
Aterrorizado pelo mar de calor sinto entre meus dedos o clamor da mãe Terra, o seu grito de socorro. Como reflexo do ar iluminado e ardente, meu peito treme angustiado, enquanto um leve sono me toma na sombra da majestosa umburana. Acordo, assustado, observo o mandacaru ardendo em seus tentáculos, inerte, diante de uma estrada que leva a antigos morros, agora habitados por uma raça de seres apressados na correria da máquina modera.
Máquinas espelham em meu ser essa máscara de medo que o sol a pino ilumina.
Gildeone dos Santos Oiveira